sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As cannabináceas são compostos derivados de uma planta denominada Cannabis Sativa, que se cultiva em grandes zonas geográficas, uma vez que se adapta tanto a climas quentes como temperados, inclusive secos, sempre que tenha a necessária provisão de água. A planta é originária das terras que circundam o Mar Negro e o Mar Cáspio. Mas a sua actual concentração nos países do sul, África, América Central e do Sul e Índia tem mais a ver com razões de eficácia da proibição do que com a climatologia. A Europa, e em particular a Espanha, foram grandes produtoras na primeira metade do século, apesar de ser mais utilizada pela fibra do que pelos seus efeitos psicoactivos. No entanto, este processo de concentração da sua produção nos países do sul está a mudar, e as mudanças culturais e a maior tolerância nos países do norte está a inverter esta tendência. De facto, actualmente, o primeiro produtor mundial são os Estados Unidos, nomeadamente alguns estados do norte e centro do país.Estamos perante uma planta cujo cultivo se adapta a praticamente qualquer clima e, uma vez adaptada, pode inclusive integrar-se no novo ecossistema. Trata-se, portanto, de uma planta originária de uma área limitada, que se espalhou pela acção do ser humano por todo o planeta, mas sempre a partir de um suporte cultural específico, que determinou o ritmo e a direcção desta expansão. A análise da distribuição da cannabis em África ao longo do século XIX, as diferentes culturas tribais que a aceitaram e que a recusaram, dão um panorama perfeito destes procedimentos (Rubin, 1975).A sua inclusão nos textos de medicina e farmácia é bastante frequente, sendo a primeira referência a da farmacopeia do imperador Shen Nuna (5.737 anos A.C.). É também citada nos textos sagrados do hinduísmo, especialmente no Atharva Veda (3.000 anos A.C.), talvez introduzido pelos indo-europeus procedentes da área da cannabis. No ocidente foi sempre uma planta muito popular, defendida por Diaconides e mais tarde, com muito ardor, por Laguna e Galeno. Em todo o caso, as indicações clínicas, como em todas as velhas farmacopeias, são um pouco confusas à luz dos nossos actuais conhecimentos, mas em todas elas parece ser comum a ideia de que é uma planta que ajuda a mitigar o mal-estar provocado por "desarranjos" cíclicos ou crónicos.Também é uma das primeiras drogas de que temos um testemunho escrito sobre o seu consumo psicoactivo. Heródoto, na "História das Guerras Médicas" conta como os Escitas, (2.500 A.C.) que povoaram a zona de origem da planta, se intoxicavam com ela.

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